“Não cobiçarás a casa do teu
próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua
serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu
próximo” (Ex 20.17).
A cobiça é o pecado secreto do coração. É subjetivo e
não pode ser identificado pelo homem. De todos os dez mandamentos, este é o
único que se mantém incógnito ao alvitre humano. Uma pessoa pode ter uma
auréola de santidade sobre a cabeça e um coração podre, encharcado de cobiça.
Foi esse décimo mandamento da lei de Deus que levou o apóstolo Paulo à
consciência de que era pecador. Os nove primeiros mandamentos da lei de Deus
são objetivos e podem ser vistos e julgados por todos os homens, mas o décimo
trata de uma questão de foro íntimo e nenhum tribunal da terra tem competência
para julgar fora íntimo.
A cobiça é o desejo de possuir o
alheio. É um pecado de ingratidão, uma vez que o cobiçoso não valoriza o que tem
nem se contenta com o que tem, mas deseja ardentemente o que se não tem nem se
pode ter. O cobiçoso em vez de se deleitar naquilo que recebeu de Deus, movido
pela ganância insaciável, busca ter o que pertence ao próximo.
O texto em tela destaca alguns pontos,
que passaremos a mencionar:
EM PRIMEIRO LUGAR, A COBIÇA INDUZ O
INDIVÍDUO A DESEJAR A CASA DO PRÓXIMO.
Esse é um desejo amplo e abrangente. O
cobiçoso anseia ter tudo o que o próximo tem, ou seja, a sua casa com tudo o
que ela tem e representa. O cobiçoso tira os olhos de tudo o que tem para
colocá-los em tudo o que não tem. O cobiçoso é como Adão e Eva, que embora
galardoados por Deus e tendo o privilégio de viver no jardim do Éden, cheio de
delícias, tendo plena comunhão com Deus, sentiram-se injustiçados e desejaram
ser iguais a Deus. O cobiçoso é como o rei Acabe, que não satisfeito em
assentar-se no trono, e ser dono de tantas riquezas, entristeceu-se por não ter
a vinha de Nabote. O cobiçoso quer tudo o que o outro tem, em vez de alegrar-se
com tudo o que já tem.
EM SEGUNDO LUGAR, A COBIÇA INDUZ O
INDIVÍDUO A DESEJAR O CÔNJUGE DO PRÓXIMO.
Cobiçar a mulher do próximo é desejar o
que se não pode ter. É desejar o proibido. É abrir um caminho escorregadio rumo
ao adultério. Davi viu e desejou Bate-Seba, por isso adulterou com ela. A
cobiça é a mãe do pecado e a avó da morte. O desejo secreto gesta a ação
pecaminosa. O cobiçoso ainda que não consume o ato de seu desejo, aos olhos de
Deus, já cometeu o pecado de adultério, pois Deus julga não apenas o ato, mas
também a intenção e o desejo. Portanto, cobiçar a mulher do próximo é uma
quebra do sétimo mandamento da lei de Deus. Jesus afirmou que aquele que olhar
para uma mulher com intenção impura, no coração já adulterou com ela. Mesmo que
o adultério tenha ocorrido apenas nas recâmaras do coração, aos olhos de Deus,
o pecado já aconteceu. É preciso, portanto, alertar que o tribunal de Deus tem
competência para julgar foro íntimo, uma vez que Deus conhece não apenas nossas
ações, mas também nossas intenções.
EM TERCEIRO LUGAR, A COBIÇA INDUZ O
INDIVÍDUO A DESEJAR OS BENS DO PRÓXIMO.
Esses bens são descritos como servos,
animais ou quaisquer outros bens. Desta forma, a cobiça é uma quebra do oitavo
mandamento. Mesmo que o cobiçoso não consume o objeto de seu desejo, aos olhos
de Deus, ele é um ladrão, pois se não conseguiu ter os bens do próximo, não foi
por falta de motivação, mas por fatores alheios à sua vontade. O cobiçoso pode
jamais ser apanhado pela lei dos homens, mas não consegue escapar da lei de
Deus. O cobiçoso pode jamais ser descoberto pelo escrutínio da lei ou julgado
pelos tribunais da terra, mas não ficará impune à análise perscrutadora do
tribunal de Deus. Oh, que Deus nos livre desse terrível pecado da cobiça!
Rev. Hernandes Dias Lopes
FONTE: www.renatobromochenkel.com.br
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