Pesquisa comprova que a construção de um vínculo afetivo forte com a mãe
contribui para ajudar a criança a desenvolver habilidades para lidar com as
pressões da vida adulta
Um bebê que conta com uma mãe disponível, pronta para
atender às
suas necessidades, desenvolve uma relação de
confiança com o mundo
Coloque
abraços, toques delicados, olhares cheios de afeto e atenção verdadeira.
Misture esses ingredientes em quantidades ilimitadas e tempere com limites.
Esse é o segredo que vai fazer do bebê um adulto feliz e seguro. Sim, carinho protege. A afirmação é de uma
pesquisa que avaliou 482 moradores do estado de Rhode Island, nos Estados
Unidos, na infância e, depois, aos 38 anos. O estudo, publicado em 2010 pela
Duke University, concluiu que a construção de um vínculo afetivo forte com a
mãe contribui não só para diminuir o stress da criança como para ajudá-la a
desenvolver habilidades para lidar com as pressões da vida adulta. Os
pesquisadores verificaram que as crianças cujas mães se mostraram mais
afetuosas eram as que apresentavam os menores índices de ansiedade, hostilidade
e perturbação geral.
Os
resultados batem com os de pesquisas anteriores, que apontam a boa relação com
a mãe como essencial ao equilíbrio
emocional. "Um bebê que conta com uma mãe disponível, pronta para
atender às suas necessidades, desenvolve uma relação de confiança com o mundo. Ele também enfrenta
situações de desconforto, mas percebe a mãe como um contraponto, alguém que lhe
traz alívio e segurança", diz a psicanalista Ana Merzel Kernkraut, de São
Paulo. Quer dizer, mesmo que sinta fome, se frustre por não alcançar o
brinquedo favorito, ou seja tirado do banho no melhor da farra, seu filho terá
condições de manter o equilíbrio porque conta com a tranquilidade transmitida
por você e suas atitudes.
Vida
com mais sabor
Crianças
adoçadas com carinho também desenvolvem melhor suas habilidades, mostra o
estudo americano. Apresentam uma característica que os psicólogos chamam de resiliência, a capacidade de
passar por momentos críticos sem perder o rumo, aproveitando a dificuldade para
o crescimento pessoal. E convenhamos: trata-se de um importante aprendizado
para a idade adulta, quando as adversidades e os desafios tornam-se mais complexos.
Mas não é preciso esperar tanto para provar dos efeitos do seu afeto. As
crianças que se sentem amadas desde o berço também saem na frente no que diz
respeito ao desenvolvimento motor
e intelectual. "No nascimento, o sistema nervoso ainda não completou
sua formação, e o carinho que o bebê recebe influencia de maneira direta o
processo de conexão entre os neurônios. Quanto mais contato ele tiver com a mãe
e quanto mais estímulos receber, mais conexões fará. Consequentemente, mais
eficaz será a transmissão de dados entre um neurônio e outro, o que chamamos de
sinapse", explica a pediatra Ana Maria Escobar, de São Paulo.
Quer
saber como garantir todos esses benefícios? Tudo depende da sintonia que você
estabelece com as necessidades do bebê. "Já existem pesquisas indicando
que o bebê é extremamente sensível às emoções maternas. Um recém-nascido amamentado por uma mãe
deprimida, por exemplo, manifestará um olhar vago e tenderá a virar o rosto na
direção oposta à dela. Já aquele que é amamentado por uma mãe feliz com a
situação vai fixar o olhar no rosto dela e até estender a mãozinha para
segurar-lhe o dedo. Há inúmeros outros gestos como esses, pelos quais os bebês
se comunicam e demonstram sua capacidade de captar a condição afetiva da
mãe", afirma a psicanalista Magaly Miranda Marconato, professora de
psicanálise da criança do Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo.
Para
identificar o que o filho está pedindo, é preciso observá-lo. "As mães
atuais têm múltiplas funções, mas o dia precisa ser planejado de modo a sobrar
tempo para os cuidados com a criança. Só a convivência permite conhecer e
responder rapidamente aos seus anseios", diz Magaly. E 15 minutos de
bilu-bilu por dia não bastam para criar sintonia. Mesmo que seja para levantar
mais cedo ou adiar parte do trabalho, para depois que o filho adormecer, tem
que pôr a mão na massa, em vez de delegar todos os cuidados.
O segredo é sair do piloto
automático e falar com a criança, cantar para ela ou acariciá-la. "Se a
mulher não é naturalmente carinhosa, deve pensar em maneiras de expressar o
afeto", sugere a psicanalista Rita Calegari, de São Paulo. Ideias?
"Não basta trocar a fralda, é preciso estar com o pensamento voltado para
aquela atividade e não para a próxima tarefa do dia. A dedicação permite observar
o bebê e aproveitar as oportunidades de interação", ensina Rita.
Fonte: mdemulher.abril.com.br
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