Ele estabeleceu um
testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou a nossos pais que
os transmitissem a seus filhos, a fim de que a nova geração os conhecesse,
filhos que ainda hão de nascer se levantassem e por sua vez os referissem aos
seus descendentes; para que pusessem em Deus a sua confiança e não se
esquecessem dos feitos de Deus, mas lhe observassem os mandamentos; e que não
fossem, como seus pais, geração obstinada e rebelde, geração de coração
inconstante, e cujo espírito não foi fiel a Deus (Salmos 78.5-8).
O
Senhor Deus do céu proveu graciosamente sua Palavra (seu "testemunho"
e "lei") como uma estratégia e conteúdo fundamental para a criação de
filhos (v. 5). Ele "ordenou a nossos pais que os transmitissem a seus
filhos". Vemos o mesmo propósito em Deuteronômio 6.
Por
que Deus manda seu povo ensinar sua Palavra, em vez de alguma outra metodologia
ou assunto, para instruir a descendência piedosa que ele promete (Ml 2.15)? Por
que não vídeo games? Por que não escolas públicas ou particulares? Por que não
a aplicação das últimas descobertas da psicologia, sociologia, teoria
educacional ou auto-ajuda? Por que os pais não devem simplesmente delegar isso
aos mais bem preparados, mais bem educados, mais bem vestidos e mais
requintados?
Parece
que Deus designa sua Palavra e, especificamente, a paternidade realizada sob a
direção de sua Palavra para cumprirem vários objetivos:
1) Para que gerações de
famílias – e não apenas indivíduos – conheçam seu testemunho e sua lei (v. 6). Deus
tem uma visão de que nossas famílias conheçam e andem em sua Palavra, de
geração em geração. Deus planejou a família como a única instituição que deve
levar avante esse propósito que inclui múltiplas gerações. O único conjunto
consistente de relacionamentos que alcança as gerações são os relacionamentos
de avós-pais-filhos-netos. Timóteo é nosso exemplo: "Pela recordação que
guardo de tua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó
Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também, em ti... Tu, porém,
permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o
aprendeste e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem
tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus" (2 Timóteo 1.5;
3.14-15).
2) Para que nossos
filhos ponham sua confiança em Deus (v. 7a). Como pais
cristãos, "temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos
os homens, especialmente dos fiéis" (1 Tm 4.10). Não temos "maior
alegria do que esta, a de ouvir que" nossos "filhos andam na
verdade" (3 Jo 4). É a Palavra de Deus que pode tornar nossos filhos
sábios para a salvação, por meio da fé em Jesus Cristo. As Escrituras dão
testemunho de Cristo e nelas está a vida eterna. Se o alvo de nossa criação de
filhos se conforma com o alvo de Deus para a nossa criação de filhos, então
devemos usar a Palavra de Deus resoluta e fielmente para incentivar nossos
filhos a colocarem sua esperança em Deus. As escolas ensinam nossos filhos a
terem esperança na educação. Música e entretenimento ensinam nossos filhos a
terem esperança na popularidade e serem "legais". Os gurus de
auto-ajuda ensinam nossos filhos a terem esperança em si mesmos. Mas nós
proclamamos: alguns confiam em carros, outros, em cavalos, nós, porém,
confiamos em o nome do Senhor, nosso Deus! Isso é a chave da paternidade
bíblica e da esperança de cada pai e mãe crente. Portanto, devemos ensinar aos
nossos filhos a Palavra de Deus em e como nossa paternidade.
3) Para que nossos filhos
não esqueçam as obras de Deus (v. 7b). Em Salmos 78.9-10, logo
depois da grande afirmação do desejo de Deus nos versículos 5 a 8, a Palavra de
Deus nos diz que os efraimitas "não guardaram a aliança de Deus, não
quiseram andar na sua lei; esqueceram-se das suas obras e das maravilhas que
lhes mostrara". Esquecer a Deus é a coisa mais perigosa na desobediência.
Que obras grandiosas Deus havia realizado na criação e libertação! É uma coisa
surpreendente que essa Realidade fosse esquecida! Mas nós esquecemos. Nossos
filhos esquecem. Retemos coisas triviais (brincadeiras favoritas, listas de
compras, etc.), enquanto temos pensamentos vagos sobre Deus. Nosso esquecimento
é nossa reversão pecaminosa à bestialidade. Mas nossa lembrança é nosso esforço
ativo em direção à piedade. Lembrar é uma obra capacitada e impulsionada pela
graça de Deus, por meio de sua Palavra. Se nossos filhos devem lembrar-se de
Deus, o que ele ordena e deseja, eles precisam manter os registros da obra e da
pessoa de Deus gravados em sua mente. Portanto, devemos exercer a paternidade
pelo ensino das Escrituras Sagradas aos nossos filhos, para que eles não
esqueçam.
4) Para que nossos
filhos guardem os mandamentos de Deus (v. 7c).
A Bíblia mantém uma forte conexão entre o lembrar e o obedecer (ver, por
exemplo, Dt 8.11-20). Não podemos obedecer o que esquecemos habitualmente. Há
uma afirmação óbvia na psicologia organizacional que diz: "O que é medido
é feito". Medir auxilia a lembrança, que, por sua vez, impele a
realização. Os evangélicos ficam nervosos sempre que a obediência entra na
discussão espiritual. Mas não devemos. Tão naturalmente quanto esperamos que
nossos filhos nos obedecem, devemos esperar que obedeçam a Deus e exortá-los a
isso – não por causa de justiça, mas por causa de amor. Três vezes o Senhor
disse aos seus discípulos: "Se me amais, guardareis os meus
mandamentos" (Jo 14.15, 21, 23). A obediência é o fruto excelente de um
raiz de amor. Havendo ensinado nossos filhos a colocarem sua confiança no
Senhor, por meio da fé em Cristo, não ousamos torná-los pequenos antinomianos,
negando o lugar do mandamento, da lei e da obediência em seguir o Salvador.
Queremos que eles sejam santificados na verdade – a Palavra de Deus é a
verdade. Queremos que eles sejam conformados, pela graça de Deus, mediante a
fé, à semelhança do Salvador. Precisamente porque o Senhor Jesus Cristo é a
nossa santidade (Hb 10.14), queremos que nossos filhos sigam a santidade por
meio da fé e da obediência motivadas por graça.
5) Para que nossos
filhos não sejam obstinados e rebeldes, e sim firmes e fiéis (v. 8).
Oh! que vejamos nossos filhos andando na verdade, e nunca se desviem para a
esquerda ou para a direita, nunca tenham um coração frio, nunca sejam tentados
pelas canções sedutoras do mundo ou caiam no laço do Diabo! Oramos assim. Mas
devemos, também, ensinar a Palavra de Deus com esta esperança e visão de
firmeza e fidelidade. A exortação de Hebreus 3.12-14 se aplica muito bem à
criação de filhos: "Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer
de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo
contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje,
a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado. Porque nos
temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até ao
fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos". Substitua a palavra
"irmãos" por "pais" ou substitua "mutuamente" por
"filhos", e assim temos ordens para encorajar nossos filhos
diariamente na Palavra de Deus.
Que
o Senhor nos torne fiéis no ensino de sua Palavra aos filhos que ele confiou ao
nosso cuidado. A Palavra de Deus não volta vazia. Creiamos nela e a usemos no
criar os nossos filhos!
______________________
Autor:
Thaibiti Anyabwile – é o pastor da Primeira Igreja Batista, nas Ilhas Grand
Cayman. Ele possui bacharelado e mestrado em psicologia obtidos na North
Carolina State University. Serviu como pastor assistente na Capitol Hill
Baptist Church, em Washington D.C. Thabiti tem sido convidado como preletor em
diversas conferências e seminários nos Estados Unidos e em outros países, é
autor de artigos teológicos e livros, um deles, "O que é um membro de
Igreja Saudável?", está no prelo pela Editora Fiel. Ele e sua esposa,
Kristie, têm três filhos.
FONTE: Editora Fiel
Nenhum comentário:
Postar um comentário