“Então Isaque levou Rebeca para a barraca onde Sara, a sua mãe,
havia morado, e ela se tornou a sua mulher. Isaque amou Rebeca e assim foi
consolado depois da morte da sua mãe.” Gn 24:67
E Isaque orou insistentemente ao SENHOR por sua mulher, porquanto
era estéril; e o SENHOR ouviu as suas orações, e Rebeca sua mulher concebeu.
Gênesis 25:21
A
presença de Rebeca foi capaz de suprir a necessidade de amor que Isaque tinha
após a morte de sua mãe. A solidão foi embora e a alegria tomou conta de seu
coração, mas como todo casal, ainda havia problemas a serem resolvidos, pois
Rebeca era estéril e eles precisavam de um filho. Isaque, então, tomou as
rédeas do problema e tratou disso com Deus, e o fez de uma maneira tão
insistente que moveu o coração de Deus e ela concebeu. Outros ícones dos
Hebreus optaram por arrumar uma amante para gerarem filhos, mas não Isaque.
Nesse sentido, eles simbolizam aquilo que há de melhor nos relacionamentos
bíblicos, pois eles viveram numa época em que a poligamia era admissível
socialmente, mas nem por isso eles se deixaram influenciar, especialmente,
porque o amor deles foi algo lindo, sem terceiros, sem nada que roubasse o
coração de um ou do outro, uma exclusividade total. Eu fico imaginando o quanto
Rebeca deve ter se sentido amada ao ver seu marido tratando pessoalmente com
Deus sobre a sua esterilidade. Naquele instante ela era, aos seus próprios
olhos, a mulher mais importante do mundo. Ele poderia ter aproveitado a
oportunidade para arrumar uma amante, mas não o fez, e a recompensa foi uma
família não perfeita, mas próspera. Basta olhar para a vida de alguns
personagens bíblicos e veremos o estrago que as amantes provocaram em suas
vidas, veja Abraão e Agar, Elcana e Penina, Davi e Bate Seba, todos com sérios
problemas em família, onde tragédias, conflitos e tristezas eram constantes.
A
verdade é que tanto o marido como a esposa têm necessidade de se sentirem
importantes para o cônjuge, eles querem ser aceitos com suas virtudes e também
com seus muitos defeitos, visto que não se revestiram de perfeição e por
melhores que sejam ainda não nasceram asas em suas costas, sinal que continuam
humanos e não seres angelicais. Dê uma olhadinha nas costas do seu cônjuge,
verifique se lhe nasceram asas, caso não encontre nada aí, além de algumas
espinhas, é sinal de que ele ainda é humano e, portanto, irá precisar ser
aceito como é, e de vez em quando, perdoado quando falhar.
Ter
apreço por alguém fala do valor que atribuímos a esta pessoa, o quanto ela é
importante para nós e o quanto nos importamos com ela, fazendo coisas para o
seu bem estar.
Você
pode encontrar todas as outras colunas em um relacionamento, porém, se a coluna
do apreço não existir, as demais não serão suficientes para manter um
relacionamento por muito tempo. Por isso que Paulo fala em I Co 13 que podemos
ter muitas virtudes e poderes, porém, se não houver amor, então, nada feito,
seremos como címbalo que ressoa. Sabe o que é isso? São pratos metálicos, instrumentos musicais,
que se bate um contra o outro, quando tocado sozinho produz som, mas não produz
música. E quando acompanhado de outros instrumentos ele se encaixa bem e dá
vida a melodia. Pode haver muitas virtudes numa relação, porém, se não houver
apreço, será só barulho, não melodia.
Apreço
é admiração, é reconhecimento. Então pergunto a você mulher: Você tem dado
valor ao seu marido? E tem falado isso a ele? Os homens precisam ser admirados
mais por aquilo que fazem, constroem e conquistam do que propriamente pela sua
beleza física ou qualquer outra coisa. Também se sentem valorizados e aceitos
quando enaltecemos os seus valores éticos e morais. Experimente falar das
qualidades que você enxerga nele, fale isso não só para ele, mas na presença de
outras pessoas, quem sabe dos seus filhos, e fique atento e perceba o quanto
fará bem a ele. Às vezes, por ignorância nossa, temos o costume de aproveitar a
presença de pessoas estranhas para mandarmos recados para o cônjuge criticando
alguns comportamentos, mas isso o aborrece e envergonha, e geralmente, não
produz o efeito desejado. O correto é censurar em particular e elogiar
publicamente.
Goethe,
um pensador diz assim: “Trate as pessoas da forma como elas devem ser e
ajude-as a se tornarem o que elas são capazes de ser.” Simplificando eu diria:
“Trate as pessoas como se elas já fossem e elas serão”.
Trate
o marido como se já fosse um cavalheiro e ele se tornará em um, trate a esposa
como se ela fosse caprichosa e ela adquirirá capricho nas coisas que faz.
Toda
vez que elogiamos a macarronada da esposa, dizendo que ela faz a melhor
macarronada do mundo, além de se sentir amada, ela irá caprichar ainda mais no
próximo almoço.
Está
em nós o dever de cooperar para que os outros sejam melhores a cada dia, isso é
apreço, é querer bem, é provocar o melhor no outro.
Apreço
também tem a ver com cuidado, estima, segurança e proteção. O tanque emocional
precisa estar sempre cheio, a certeza de que é amado, de que faz parte da vida
do outro é imprescindível para um convívio por longos tempos.
Alguém
disse: “Quem ama cuida” e é verdade, pois tudo aquilo que queremos bem, que
estimamos, nós buscamos proteger, cuidar para que continue assim, sempre
reluzente.
O
apreço é tão importante que a ausência dele faz com que uma mulher mesmo amando
o marido, porém se sentindo abandonada por ele, excluída do seu coração, acaba
cedendo a tentação do adultério. E faz isso em busca de ser apreciada, em busca
de alguém que lhe atribua algum valor.
Instintivamente,
buscamos pertencer a alguém ou grupo que nos aprecie, e é essa necessidade que
leva os meninos para as gangs, a menina para o motel com um homem mais velho,
que leva a mulher honesta aos braços do amante. O apreço será por cada um de
nós buscado, ainda que seja num amor maligno e perverso.
Quando
você homem, usa de cavalheirismo para com sua esposa, é sinal de apreço, de
estima. Você está, na verdade, lhe conferindo honrarias dignas de alguém que é
bem vinda na sua vida. Quando você aguça a sua sensibilidade para atender aos
apelos silenciosos dela, isso é apreço. Outro dia uma esposa disse assim:
“Pastor, meu marido já não me enxergava dentro
de casa, já não notava mais que me arrumava para ele, que fiz um corte de
cabelo, que comprei roupas íntimas para ficar mais bonita para ele. Um abraço e
beijos, só em datas especiais e ainda assim, bem frios, e nisso tudo, eu estava
me sentindo um “trapo velho” e daí, trair foi a forma que encontrei para provar
para mim mesma que eu não estava morta, que ainda tinha valor para alguém, e
com isso eu destruí minha vida”.
Se
existe segredos para o sucesso num relacionamento conjugal este é um deles, que
o casal para continuar sempre junto deve aumentar o prazer e diminuir os
conflitos. E veja que o prazer de se estar junto não requer grandes momentos,
coisas extravagantes, não. Não precisa nada disso. Basta um lugar aconchegante,
uma praça, um jardim, mãos dadas, braços que se abraçam e bocas que murmuram
palavras de amor, do jeitinho que fala a canção. E para diminuir os conflitos,
é primeiro diminuir nosso nível de exigência, aumentando nossa tolerância,
respeitando as diferenças, e ao invés de criticar o que se faz, o melhor é
indicar como gostaria que fosse feito. Não se deve dizer isto ou aquilo está
mal feito, está ruim, mas sim, gostaria que fosse feito desta ou daquela
maneira, isso muda tudo, não agride e cria a oportunidade de melhorar.
Porque
às vezes o casal briga por coisas tão pequenas? Porque o nível de exigência é
alto demais. Não se tolera o menor erro, o pequeno deslize, e são essas
“raposinhas”, veja Ct 2:15, que fazem grandes males ao casamento.
Porque
será que tratamos com prioridade pessoas que nos tratam apenas como uma opção e
tratamos como opção pessoas que deveriam ser tratadas como uma prioridade?
Passamos boa parte da nossa vida dando o nosso melhor para pessoas que pouco se
importam conosco, e dando o pior para aqueles que nos são mais importantes. É
preciso mudar isto com urgência.
Quando
um cônjuge percebe que o outro está fazendo o seu melhor para lhe oferecer
conforto, segurança, bem estar, carinho, afeto, ternura, então, se dá conta que
tem valor, que é especial para alguém e nesse vai e vem de cuidados e zelos,
passa a retribuir da mesma forma, e assim o amor cresce e se fortalece, e está
erigida a primeira coluna de sustentação de um casamento duradouro e prazeroso,
o apreço.
Fonte: Ministério Casados em Cristo; Apostila para casais 2011, páginas 7-9;
Pastor Ismael Roselei de Carvalho
http://casadosemcristo.blogspot.com